Apesar de não ser a minha especialidade, decidi construir este website/blogue para expressar as ideias que tinha sobre a abordagem gerontológica que proponho. Embora um especialista pudesse fazer melhor, acredito que consegui transmitir a essência do que pretendo. Agora que está pronto para ser lançado, os erros serão visíveis e será necessário avaliar a necessidade de ajustes finais.
Inicialmente, foi uma experiência, mas, teimoso como sou, rapidamente se tornou um desafio! O objetivo era colocá-lo online no dia 25 de abril, uma data simbólica, pois muitas das atuais pessoas mais velhas estiveram envolvidas na transformação social de 1974, seja no combate ao fascismo, na preparação para a queda do regime ditatorial ou na Revolução dos Cravos.
“25 minutos de uma Revolução” – Documentário
Uma revolução dos mais velhos?
Olhando para a abordagem política ao envelhecimento em Portugal, feita por pessoas profundamente ignorantes em Gerontologia, entendo que as pessoas mais velhas não podem esperar que outros definam o que “devem ter e querer” para o seu processo de envelhecimento. Elas precisam de se empenhar em promover a mudança. É uma tomada de posição contra a ignorância e a manipulação política que vejo diariamente nos meios de comunicação, especialmente durante campanhas eleitorais.
Em 14 de novembro de 2019, apresentei no 1º Congresso Internacional Comunidades Envelhecidas – Desafios para o Desenvolvimento, promovido pela AGE.COMM, a comunicação “O Envelhecimento da População nos Programas Eleitorais (Eleições Legislativas Portuguesas de 6 de outubro de 2019)”. Questionei: “Por que não avançamos mais?” Alertei para o fato de que, em termos institucionais, continuamos a ver o envelhecimento como um “problema”, ignorando que é um “sucesso civilizacional”. É possível desenhar novas estratégias para prolongar a vida com qualidade, baseadas em conceitos como antienvelhecimento (anti-aging) e envelhecimento ativo.
Felizmente, o envelhecimento ativo começa a ganhar espaço, ainda que timidamente, nos processos de decisão das pessoas interessadas. Na campanha eleitoral para as eleições de 18 de maio de 2025, todos os partidos falam sobre as pessoas mais velhas e o envelhecimento, muitas vezes reduzido às questões financeiras das reformas e seus aumentos. No entanto, não refletem que as pessoas que se aposentam aos 65 anos têm mais de duas décadas de vida pela frente.
Por que não pensam os políticos em verdadeiras estratégias de envelhecimento ativo que envolvam as pessoas mais velhas na sua conceção?
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As pessoas mais velhas não são descartáveis; são a principal parte interessada! Elas não são apenas beneficiárias de políticas públicas, mas agentes fundamentais na construção dessas políticas. É necessário criar um Manifesto pelo Envelhecimento Ativo que empodere as pessoas mais velhas e considere, pelo menos, os seguintes aspetos:
- Participação ativa na sociedade: Garantir que as pessoas mais velhas tenham voz na definição de políticas que as afetam diretamente.
- Educação e aprendizagem contínua: Promover oportunidades de formação ao longo da vida, incentivando o desenvolvimento pessoal e profissional.
- Saúde e bem-estar: Implementar programas que incentivem a atividade física, mental e emocional, garantindo acesso a cuidados de saúde adequados.
- Autonomia e independência: Criar condições para que as pessoas mais velhas possam viver de forma independente, com acesso a serviços de apoio.
- Emprego e voluntariado: Incentivar políticas que permitam a continuidade no mercado de trabalho para quem deseja, bem como oportunidades de voluntariado.
- Combate ao idadismo: Sensibilizar a sociedade para eliminar preconceitos e discriminação contra pessoas mais velhas.
- Tecnologia e inclusão digital: Facilitar o acesso e a formação em tecnologia para garantir que ninguém fique excluído da era digital.
Portugal já tem iniciativas como o Plano de Ação para o Envelhecimento Ativo e Saudável (2023-2026), que aborda algumas dessas questões. No entanto, é essencial que as pessoas mais velhas sejam envolvidas na conceção e implementação das estratégias. Esta é a minha luta!
Ericeira, 15 de maio de 2025